terça-feira, 17 de abril de 2012

Drogadição, uma doença de toda a família!


Como faltam menos de um mês para o início do curso que eu estou preparando com duas colegas sobre uso e abuso de álcool e outras drogas, estou "mergulhada" na área da dependência química. Por isso estou sem escrever no blog há mais de duas semanas, e como não poderia ser diferente este post também faz parte desta realidade. Família e drogas.

Numa sociedade permeada por crises financeiras, estresse, onde o "ter" é mais valorizado do que o "ser", é fácil encontrarmos uma estrutura familiar totalmente fragilizada, onde os pais, tentando compensar sua ausência, muitas vezes acabam confundindo liberdade com permissividade. Os valores morais de nossa sociedade estão bastante distorcidos, os limites e o respeito com o outro esta banalizado.

Além do meio social e da predisposição da frágil personalidade inerente do adolescente, o meio familiar também é um forte incentivador ao consumo de drogas. Hã, como assim? Sabemos que as drogas psicotrópicas ou psicoativas são drogas que causam alteração do SNC, elas podem ser ilícitas, as proibidas ou lícitas, drogas que são aceitas pela justiça e até, algumas delas, estimuladas pela sociedade. Qual a mensagem que nós pais passamos para nossos filhos, quando temos algum problema físico ou emocional? O uso de medicamentos excessivos e descontrolados para dormir, para depressão, para ansiedade, para dores de cabeça ou até mesmo o uso de anfetaminas para emagrecer, o consumo muitas vezes excessivo de álcool para aliviar as tensões do dia e para celebrar e comemorar bons momentos da vida, assim como o cigarro, se fazem presente na maioria das vezes dentro do meio familiar. Gosto muito de dar como exemplo uma propaganda muita antiga onde um rapaz aparecia na TV falando com o pai que quando ele nasceu seu pai bebeu pra comemorar, quando ele fez 18 anos seu pai o chamou para beber e comemorar, quando ele se formou seu pai bebeu para comemorar, ...e então o seu pai agora estava dizendo para ele parar? Não estou dizendo com isso que todos os dependentes químicos foram influenciados pelos seus pais, rs, mas temos que tomar cuidado com a mensagem que estamos passando para nossos filhos, onde resolvemos nossos problemas rapidamente com um remedinho, ou com um trago ou com uma dose. O diálogo nesse momento é fundamental (como sempre digo). Não criar um tabu quanto ao tema das drogas é muito importante. Temos que perceber se nossos filhos estão precisando de alguma ajuda para esclarecer suas dúvidas, aliviar suas angústias, seus medos e suas dificuldades. E algumas vezes, perceber se temos que procurar uma ajuda profissional, seja de um psicólogo, seja de um psiquiatra, isso não é sinônimo de loucura! 

Estar atento a alguns sinais nas atitudes de nossos jovens é primordial, antes que seja tarde. Apesar das mudanças de comportamento serem comuns nesta idade, mudanças muito radicais de personalidade podem não ser. É necessário que os pais assumam sua responsabilidade perante a educação dos filhos, ao invés de apenas delegá-la à escola, à igreja ou outras instituições sociais. Conferir o ambiente e as amizades sem despertar a desconfiança, valorizar o jovem conversando sobre diversos assuntos, pedindo sua opinião inclusive em assuntos que eles entendem mais do que nós, dar  limites e responsabilidades, estipulando horários e ressaltar as qualidades de nossos filhos são atitudes importantes a serem consideradas. 

De qualquer forma, infelizmente, alguns adolescentes procurarão as drogas, seja por curiosidade ou influência do grupo ou como fuga para seus problemas afetivos. Neste último caso o problema intensifica, pois a droga serve como um alívio para seus problemas e a necessidade em se manter em equilíbrio, mesmo com a ajuda da droga se torna um comportamento compulsivo e a dependência se "instala". Em todos os casos é necessário reforçar que o maior prejudicado é ele próprio.

Tanto o tratamento para o abuso das drogas, quanto a prevenção deste problema tão desastroso, têm que ter como principal fundamento a valorização da vida e as possibilidades criativas e saudáveis que todos nós temos. Não existe um tratamento, um caminho miraculoso para a drogadição. Cada estratégia tem que ser personalizada, pois o ser humano é complexo e o que pode ser eficaz com um pode não ser com o outro. Cada pessoa é única e esta singularidade é riquíssima e deve ser estimulada.


Bjs por enquanto e até a proxima




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